sábado, 28 de agosto de 2010

um pouco dele em mim...


Caio e Cazuza
"Não consigo mais aceitar relações pela metade. Em outras palavras, raspas e restos não me interessam."


Menos pela cicatriz deixada, uma feridantiga mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer, embora lateje louca nos dias de chuva.

Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso.
A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão.

Talvez um voltasse, talvez o outro fosse. Talvez um viajasse, talvez outro fugisse. Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos, dominicais, cristais e contas por sedex (...) talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não. Talvez algum partisse, outro ficasse. Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego. Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos, talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem junto para Paris (...) talvez um se matasse, o outro negativasse. Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada

Não choro mais. Na verdade, nem sequer entendo porque digo mais, se não estou certo se alguma vez chorei. Acho que sim, um dia. Quando havia dor. Agora só resta uma coisa seca. Dentro, fora.

Não, meu bem, não adianta bancar o distante: lá vem o amor nos dilacerar de novo...
(SERÁ????????????? aqui sou eu perguntando)

... para mim...

Te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia, me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, acreditar em tudo outra vez.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

...não é mais

a mesa ficou posta
com resto de migalhas
e pão dormido
xícara de café manchada no fundo

não é mais
nunca foi
eu que pensei
que a hora seria definitiva

sábado, 7 de agosto de 2010

mente insana
e eu crente que não precisava mais disso
tempestade de solidão ocupa o coração

quarta-feira, 4 de agosto de 2010



tarde de vento
até as árvores
querem vir pra dentro
"Eu escrevo sem esperança
de que o que eu escrevo altere
qualquer coisa. Não altera em nada...
Porque no fundo a gente não está
querendo alterar as coisas.
A gente está querendo desabrochar
de um modo ou de outro..."
Clarice Lispector.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Obrigado


Existe um agradecimento que vai calado
Em silêncio
Ele não se manifesta em som algum
Apena segue o caminho solitário
Dos fatos guardados em segredo
Onde apenas a natureza e as matérias físicas assistem e assitiram
A cena de tais encontros
Grazie, que atravessa o oceano
E volta, também calado
Um pouco dolorido
Um pouco aliviado
Mas também solitário.