Há uma afirmação de Nietzsche, com a qual concordo inteiramente.
Dizia ele que antes de casar, cada um deveria se perguntar " Serei capaz de conversar com prazer com esta pessoa, até a sua velhice?
As relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar.
Sherazade, sabia bem que os casamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã e terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente.
Por isso, quando o sexo já estava morto na cama, e o amor não mais se podia dizer através dele , ela o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa conversa que deveria durar mil e uma noites.
O sultão se calava e escutava as suas palavras como se fossem música. A música dos sons ou da palavra - é a sexualidade sob a forma da eternidade: é o amor que ressuscita sempre, depois de morrer.
Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras. E contrariamente ao que alguns pensam, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: “Eu te amo, eu te amo...” Barthes advertia: “Passada a primeira confissão, ‘eu te amo’ não quer dizer mais nada”. É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética.
Recordo a sabedoria de Adélia Prado: “Erótica é a alma”.
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